sexta-feira, 9 de abril de 2010

La cucaracha - Um manual para homens

Oiiiiiiiiiiiiiii gente amigaaaaa (Hélio Costa feelings)!
Hoje é sexta-feira, dia de alegria (a maioria de nós não precisa trabalhar amanhã) e por isso teremos um post engraçadinho! É grande, mas bom!
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O tema dele é... baratas! Ui! Não, não. Aqui em casa tivemos umas 3 (no máximo) no último verão. Todas devidamente orientadas a buscarem seu lugar. Deixo claro que prefiro mantê-las vivas [MUITO longe de mim], já que assim o são (vivas, errr)! A menos que ENTREM, de fato, na minha casa e comprometam minha sanidade. O Texto a seguir não é meu - dizem que é do Millôr Fernandes. Alguns familiares e amigos já o receberam, mas acreditem: a melhor parte é a resposta do meu pai ao meu email! Enjoy! Um ótimo final de semana!
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A barata é a mais lídima das aquisições democráticas do mundo. Quase toda casa possui! Pertencendo à família das blatídeas, muito conhecidas nos buracos de roda pés, nos cantos de estantes, no fundo de arquivos e de gavetas, as baratas tem hábitos próprios e interessantíssimos com os quais me familiarizei nos meus longos anos de pertinaz contato com arcanos e alfarrábios.
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Para se lidar com baratas, há que acredite em inseticidas e baraticidas. Como em tudo mais, acredito em psicologia. Para se aplicar psicologia é preciso um certo método e uma vasta disciplina. Vejamos.
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Encontra-se a barata. Para encontrar uma barata não é necessário muito gasto de energia. Em geral ela nos procura. E mais em geral ainda ela vem ao meio de nossos dedos quando pegamos aquela pilha de livros embaixo da escada. No momento em que sentimos a barata presa em nossos dedos sentimos um arrepio inaudito que corre na espinha! Largamos livros, agitamo-nos furiosamente, batemos no chão, nos móveis e nos livros com o primeiro pano ou jornal que se nos depara, mas, a essa altura, a barata já está muito longe escondida no meio das 365 mil páginas dos 870 livros que espalhamos no chão. Como encontra-la? Eis o problema. Esse problema, depois de acalmados nossos nervos e esfregadas nossas mãos com sabão e bastante álcool, é que procuramos resolver.
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Existe, para pegar a barata, dois processos distintos. Um é chamar a empregada e dizer "tem uma barata aí! Quero isso bem limpo!" e virar covardemente as costas. Dessa atitude pode resultar que a barata atinja um extraordinário grau de longevidade, pois a empregada passará um pano nos livros e jogará por cima um pouco de DDT, dando-se por satisfeita. A barata também. E daqui a seis meses, quando você for pergar aquele velho exemplar de Balzac, terá a desagradável surpresa de ver, à página 276, olhando-o com aqueles olhos brejeiros e aquelas antenas irônicas que lhe são próprias, a mesma barata que você tinha condenado à morte. Vocês fitar-se-ão demoradamente. Ela continuará baloiçando as antenas. E você, depois de alguns segundos de inércia, saltará para o ar, jogará o livro para o lado e berrará femininamente. Pois eis que as baratas tem o poder de afeminar a todos, afirmativa esta que se aceitará sem contestação se se atentar para o grande número de baratas que há em nossos teatros.
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Portanto, não se deve virar as costas para uma barata, mas sim enfrenta-las masculamente! Para isso, precisamos antes de mais nada, saber se ela é uma BLATÍDEA comum ou uma PERIPLANETA AMERICANA, ou em linguagem menos cietífica, se é uma dessas que voam. Se é dessas, aconselho o leitor a desistir de qualquer pretensão máscula, arrumar as malas e fechar as portas da sua casa.
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Se é das outras, sempre há recurso:
1- Pegue um Correio da Manhã bem dobrado, deixando à mostra o artigo de fundo. Sacuda os livros e espere trepado numa cadeira. Atente, sobretudo, para o estilo de bater quando a barata aparecer. Lembre-se: o estilo é o homem!
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2- Quando a barata surgir, bata de uma vez. Não durma na pontaria. Ela normalmente para um pouquinho para sondar o ambiente cá de fora e confrontar com a literatura em que vive metida. Esse é o momento de atacar!
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3- Trate de verificar se o inseto que você está tentando matar é uma barata ou um barato. Lembre-se: o barato sai caro!
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4- Nunca aproxime e afaste o jornal para treinar a pontaria. As baratas sabem muito bem o que as espera quando sentem esse ventinho. Quando você for bater de verdade, a barata já terá embarcado para a Europa.
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5- Não tenha pena de bater. Bata firme, forte, decididamente. É a vida dela ou a sua. Se você não a matar, terá que passar a existência inteira alimentando-a com inseticida.
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6- Não se importe com as coisas que o cercam. Afinal de contas, que são meia dúzia de copos partidos, um tapete manchado, dois livros com as páginas rasgadas e uma perna de cadeira quebrada se você conseguir eliminar uma barata?
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7- Se falhar, só a paciência lhe dará outra oportunidade. A barata não lhe dará outra tão cedo, enquanto permanecer em sua memória o trauma da pancada que quase lhe tirava a vida. Não adianta você sacudir livro após livro, pois ela não irá aparecer. Agarrar-se-á às páginas de livro e se cair ao chão, correrá rapidamente para trás do guarda-roupas.
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8- Não se deixe levar pela vaidade. Às vezes você atinge de leve uma barata e ela vira-se de barriga para cima, agitando as perninhas para o ar initerruptamente, com a expressão de quem está dando uma gargalhada, achando você engraçadíssimo. Isso poderá lisonjeá-lo mas não a poupe por isso.
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9- Às vezes elas tentam outro truque sentimental. Atingidas de leve elas vão se arrastando tristemente, de vez em quando olhando pra você com um olhar que lhe dilacera o coração, como quem diz: "Seu malvado, viu o que você fez?" Antes de começar a chorar, bata até matar. Depois chore.
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10- De seis em seis meses faça um teste consigo próprio para ver se você está mais desbaratador que no último semestre. Se a resposta for negativa, não esmoreça. Continue lutando até que possa, como nós, cobrar caro pelas lições administradas. E essa é a nossa última recomendação: cobre sempre caro pelos seus conselhos nesse setor. Não se barateie!
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A RESPOSTA DE MEU PAI
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"Coincidência ou não, nesses últimos dias, especialmente ontem à noite, cometi um baraticídio! Eram bem morenas... gordatchas! Verdadeiras madames pelo que observei do seu andar!!! Uma preparando-se para o banho e, a outra, maldita outra, querendo alguma sobremesa depois do jantar.. depois de toda louça lavada com Ypê!!! Obs: eram blatídeas!!!" (Explicando: meu pai assumiu a gerência do lar quando mamãe fez a primeira cirurgia e, no mercado, descobriu que o detergente Ypê é mais barato!)
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