quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Mudança com gatos - de volta à Florianópolis!



Hoje conto como foi trazer os gatos de volta à Florianópolis, depois de 1 ano e 8 meses em SP! 

Pela exclamação da primeira frase, fiquem à vontade pra perceber que o retorno foi bem melhor que a ida (contei os percalços nesse link aqui) ;) 



A preparação



Exatamente como da primeira vez, deixei as caixas de transporte na sala, abertas à visitação (heheh) para que se tornassem refúgio, identidade num ambiente hostil (o carro, nesse caso). O que fiz de diferente dessa vez foi forrá-las com o tapete higiênico e servir a comida dentro delas. Desse modo, as caixas ganharam o cheirinho deles, porque acabavam dormindo nos tapetes macios e criou-se um bom vínculo de prazer através da comida :-) Nos primeiros dias eu servia comida somente nas caixas, mas com gato isso não funciona bem. Mudar os hábitos alimentares repentinamente os fez não quererem comer... Depois que deixei ração à vontade, tanto no pote "oficial" quanto nas pequenas porções dentro das caixas, meus gatos acharam super legal ter um lugar diferente pra comer. O primeiro maior pânico que eles tem com relação a essas caixas é o de estarem trancados nelas. Pra amenizar isso, à medida que iam ganhando confiança em adentrá-las pra comer, eu comecei a fechar as portas. O Raul foi o único dos 4 gatos que não deu a menor importância pra porta fechada. Nikko e Lilica apresentaram desconforto imediato (hoiuaoiea) e a Minnie tentava não ficar nervosa, mas a comida foi menos importante que a porta fechada.

No primeiro dia, Raul nem entrou. Só ficou comandando geral!


A Gi é uma girafinha de pelúcia que o Raul gosta muito, mas acabei substituindo-a por um cobertorzinho, pq sempre que ele tem medo, se esconde sob o edredom ou cobertor.

Minnie já um pouco tensa nos treinos com a porta fechada.

Outra coisa que fiz, mas que não foi novidade, foi borrifar Feliway (hormônio sintético) a cada 3 dias dias +/- no interior das caixas de transporte. 


Toda a preparação durou 14 dias e, diferente da outra vez, considerei um sucesso. Mais tarde explico porquê, mas tanto eu quanto o marido entendemos que foi fundamental esse treino todo.

O dia da viagem

Nada como adquirir experiência. Na ida a SP tentei não usar o tranquilizante, mas para a volta já sabia que não poderia sair de casa com os gatos acordados. Uns dias antes da viagem liguei para a clínica que eles frequentam aqui em Fpolis, expliquei que da primeira vez usei a dose mínima recomendada e que queria uma orientação de segurança pra poder aumentá-la.

Por volta de 1h antes de sairmos de casa, Acklei e eu administramos o tranquilizante com dose de 2 gotas por quilo (pesei meus gordinhos 2 dias antes), conforme a recomendação veterinária. Em 10 minutos o pessoal começou a ficar tontinho, em mais 20 minutos notamos que precisaríamos de uma dose maior, ou seja, a máxima (para Minnie e Raul usamos a submáxima). Feito isso, ninguém mais conseguia andar por conta própria, nem subir em nada... então colocamos nossos peludos nas caixas e partimos para o carro. Mas claro que nem tudo poderia ser assim lindo e fácil, principalmente porque tenho um amordaminhavida chamado Nikko.

- o Nikko

Ainda em casa, com a primeira administração do tranquilizante, Nikko começou a ficar irritado e muito, muito agitado. Miando pela casa inteira, tentando subir em tudo (e aqui está o perigo, podem se machucar feio, então cuidado!), muito indignado. Fiquei com ele o tempo todo enquanto o marido colocava tudo e todos no carro, tentando acalmar. Tava até achando engraçado, como se ele tivesse fazendo um dramalhão mexicano, bravo por terem deixado ele tonto. Mas depois descobrimos que não era drama... :-(

Na ida pra SP ele se machucou muito tentando fugir da caixa e não queríamos que isso se repetisse na volta, já que ele estava bem acordadinho e muito bravo. Complementamos a dose do tranquilizante para atingir o máximo e com isso, ele piorou. Eu nem consigo descrever o desespero do coitadinho (e também prefiro não fazê-lo, era triste de ver). Ele devia estar passando muito mal com a tontura, provavelmente bem enjoado, além de muito irritado. Tanto que não conseguimos deixá-lo na caixa de transporte, porque tentava sair a qualquer custo... Ele ia se machucar muito. Iniciamos a viagem com ele no meu colo. Os outros 3 estavam calminhos, cada um na sua caixinha.

No carro, tudo piorou. O tranquilizante tava a milhão e o estresse do bichinho também (mas eu fui muito mocinha, me mantive calma sempre), fiquei com medo de perder o meu grandão... Nikko não se acalmou, não se entregou e passou a me morder. E miar muito. E me morder muito. Daí lembrei que na ida ele picotou todo o tapete higiênico da sua caixa de transporte, então peguei um sobressalente e deixei-o atacar. Logo desisti, porque ele também estava se machucando  e fiquei com medo d'ele acabar engolindo algum pedaço.

Picotando o tapete higiênico

Temos certeza que o que aconteceu com o Nikko foi uma ação paradoxal da droga. Ao invés de gerar sonolência, diminuir a ansiedade e gerar relaxamento muscular, o tranquilizante fez exatamente o contrário. Nos tocamos disso depois, mas era tarde... nosso gorducho chegou a ganhar a dose máxima daquilo que o deixa extremamente ansioso e alerta. E se somar essa ação reversa ao medo de estar no carro, ao mal-estar do remédio (enjôo, tontura) e ao fato de não estar entendendo nada... Pobrezinho :-( A cena que mais lembro é dele com o rosto encostado no meu, miando-chorando, eu tentando acalmar, como um bebê.
Foram 2h de viagem assim. Usamos o Feliway algumas vezes, borrifando em mim, no banco do carro e no ambiente como um todo e a cada uso, uns minutinhos de calmaria. Na viagem de ida, até que não achei nada de mais. Na volta de SP, foi nosso bom aliado com o Nikko.

Com 2h de viagem, pegamos um congestionamento na Serra do Cafezal e foi aí, com o carro parado, que o Acklei sugeriu desmontarmos a caixa de transporte do Nikko e colocar só a parte de baixo no meu colo (porque achávamos que ele não iria aceitar ficar trancado). Quando ele viu essa parte da caixa no colo, se agarrou como um náufrago se agarraria nos destroços de um barco. Era a salvação dele. Juro que escutei ele dizer "caixa, eu te amo"! 

Nikko escondido embaixo da toalha, deitado na base se sua caixa de transporte

A partir daí ele foi se acalmando, colocamos a parte superior, depois a porta e por fim, colocamos ele no banco de trás, junto com os irmãos.

Bem mais calmo, com a parte superior da caixa já encaixada.

Um dos ratos de pelúcia acabou vindo na caixa do Nikko. Ele o segurou por um bom tempo!
Depois dessa reconciliação do Nikko com a caixa, entendemos que todo aquele treino funcionou. Ela realmente se tornou um refúgio, um abrigo conhecido, um oásis no deserto do paradoxo. Nossa viagem até Florianópolis levou 11 horas e, depois que o grandão se acalmou, foram as 9h de viagem mais tranquilas da minha vida.

Aqui todos em seus lugares, calmos e tranquilos. Estávamos há 7 horas na estrada no momento dessa foto.


Outras considerações

Fiz uma "mala" de viagem pra eles:

Coloquei um pote com um ração. Embora não seja recomendado alimentá-los antes do tranquilizante (porque dependendo do nível de sedação, podem vomitar, aspirar e morrer), depois é recomendado. A viagem era muuuuuuito longa e temíamos uma hipoglicemia. Então com umas 6 ou 7 horas de viagem ofereci, pela primeira vez, um pouco de ração. Bem pouquinho mesmo. Todos comeram;

Coloquei uma seringa, pra dar água. Mesma coisa da ração... além do medo da desidratação (isso foi a vet que falou já para a viagem de ida). Coloquei também um recipiente próprio pra viagem com água. Em algum momento, todos beberam água;

Coloquei tapetes higiênicos extras, porque é tipo fralda. Se fizer cocô/xixi, tem que trocar! (e fizeram);

Coloquei o tranquilizante, porque talvez fosse necessário readministrar. Mas não foi. Mesmo depois de tantas horas, todos continuaram super calmos, apesar de alertas;

Coloquei o Feliway;

Coloquei as carteiras de saúde.

"Mala" de viagem

E foi isso! Foi muito melhor dar o tranquilizante ainda em casa, foi ótimo educar com as caixas e melhor ainda é estar de volta! Estamos hospedados na casa dos meus pais e ficaremos até o final de fevereiro (marido fica em SP até essa data, junto com a mudança) e não poderia haver gatos mais felizes com o playground "do vovô e da vovó"! 

Felicidade de tomar água na torneira; Nikko

Lilica

Minnie

Raul